19/03/2009

Ao meu Pai

Descobrir a vida em cada Primavera
É a melhor lembrança de um filho ao pai.
Verdes olhos de criança
Que desabrocham em flor, num ai!
Nos ombros carregavas a esperança,
De um dia vir a ser, em potencia já o era
Uma imagem tua, um filho pai.

Recordo os bolos que levavas
Ao fim de semana, no sábado,
Quando pelas três da tarde chegavas,
Carregando um sorriso nos lábios,
E a cada filho entregavas um bolo de côco.
Depois pegavas nos mais novos ao colo
E fazias acrobacias no ar,
Como se fossem sopros de flores.

Oh que saudades desse tempo!
Tempo em que pegavas no martelo
E constuíamos banquinhos, mesas...
Hexagonavas as canas e componhas a joeira,
Depois com os rolos de barbante
Fazia-la subir, subir e deixavas-me segurá-la.
Como era bom aquele vibrar do vento,
Como era bom aquela vida vibrante!

Hoje estás de cabeça nevada,
Quase sem dentes, olhos cansados,
A voz canora, parece esfumar-se
Mas continuas sendo um sorriso.
Daqueles que enchem a alma
E que apesar da tua velhice
Continua meigo como o bolo de côco!

2 comentários:

  1. Achei o poema muito giro e vê-se que foi redigido com a intenção de ser dedicado a alguém muito especial como um pai

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  2. Adorei o poema!Faz-me lembrar a minha infância e recordar os brinquedos que o meu pai construía para o meu irmão. Sim, para o meu irmão, já que os "carrinhos de canas" , as joeiras e as forquilhas eram sobretudo para os rapazes.Mas também tive a minha parte: os desenhos bem feitos e bem pintados,as casinhas para as bonecas, as histórias da Anita, até os ditados e as contas (quantas chapadas nas mãos!)me fazem lembrar dos bons tempos,tempos de alegria sã e genuína que hoje fazem falta aos nossos jovens.

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