19/03/2009

Primavera ou sonho?

Abril de águas mil, de flores amarelas
De pássaros cantantes, ninhos encantados,
Desabrochar da vida, nos beijos namorados.
Noite se canto de serenatas às janelas.
De olhares furtivos, poentes dourados
Promessas à noite, à música de velas,
Passeios no lago, à luz das estrelas
Vivendo sonhos nunca dantes sonhados.

O Tejo corria no fundo dourado,
A liziria vestia um verde risonho,
As vinhas cresciam no arame aprumado
E eu crescia na quimera dum sonho.
Os outeiros distantes, no fundo calado
Desse dia errante de uma Primavera
Olhei o passado, e senti, no rasto deixado,
O perfume das flores e a frescura da hera.

Sonhei ver no Tejo mil caravelas
E nos conveses lavados, maios floridos
Olhares garridos, noivos, donzelas
Mais puros que a alvura dos tajes vestidos.

Santarém, 26/05/86

1 comentário: