02/05/2009

Abrigo das palavras

Gosto de abrigar-me no silêncio das palavras.
Sentir o respirar morno das sílabas,
O murmúrio reconfortante das rimas,
O tilintar compassado das tónicas,
E enlevo-me no ritmo ondulante das letras.
Oh! A confortante luz primeira da leitura,
Diáfana, como um lençol de núpcias,
Como o breve raiar dum sol de Inverno
Ou um pôr de sol de estio, quente e forte.
Como é bom sacudir as palavras
E ouvir, dos seus silêncios, sons novos,
Degustar encantamentos...
Oh! Como é bom descobrir em cada leitura
Outras leituras, sempre revisitadas de novo
Em busca de encontrar o futuro!
A escrita é como um parto sereno de luz,
Luzeiro de incertezas certas
Onde o leitor é peça de arado,
Lavrador do próprio significado.

02/05/2009

3 comentários:

  1. Jordas, posso usar este teu texto numa apresentação que tenho de fazer 5ª feira sobre a leitura e a escrita?
    Era exactamente o que eu procurava para concluir.
    E se temos poetas em casa, para quê ir procurar mais longe?

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  2. Estás à vontade.
    Depois de ter postado os textos deixam de ser meus e passam a ser propriedade do leitor que lhe dará outra vida.

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