10/06/2009

A Procura

Os carros urram na rua escura
como asnos ao encontro da noite.
São horas de estrelar o céu,
Mas a lua teima na saudade
E a dor, como crueldade, cura.
O perfume da tarde anoiteceu,
As luzes, subindo a baía, brilham,
Com a luz da eternidade
Tão próxima e distante ... açoite
Da precaridade do ser humano.
E sob o manto da noite
A calada cidade fica,
Como se do palco caísse o pano
Dum fim de acto por acabar.
Apesar da lua com seu luar...
Da brisa que o tempo estica
Em anos os minutos da ansiedade
Que comigo o ar partilham
No íngreme caminho do futuro.

Lugar livre de saudade. Pura!
Última e indefinida morada...
E mesmo que em mim tudo
Seja um sopro de nada
Haverá sempre da manhã a frescura
Vivida nas dores coloridas da madrugada
Ou nas tardes de ocaso, serenas,
Nas vontades grandes de pequenas
Que informam a minha procura
Em busca do meu mundo.
16/03/2005

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