15/08/2009

poema de embalar

Gosta de ouvir, baixinho, o mar,
Como quem gosta da brisa passageira
Que brinca no fogo da fogueira
Ou escreve poema d'embalar.
- Conta-me uma história de amor!
Lê-me um poema de encantar!
Leio Pessoa, Torga, Garrett:
O gato da rua, o Herodes, as asas brancas...
Ela ri de graça e se entromete:
- Herodes mau! Quero um gato.
E que aconteceu ao anjo?
Ela , por fim, adormece.
Já gosta da luz dos livros, a brilhar
Seus olhos transbordam o ardor
de saber, de mexer, de tirar e pôr,
Este mundo num melhor lugar.

-Pai, conta-me uma história de aninhar!
pede tanta vez ao se deitar.
Assim, adormece mais feliz
Depois : - Pai Nosso... Diz
E quando acabo uma, logo outra pede.
E no seu quarto rosa menina
Há uma alma pequenina,
Mas que sabe ouvir, apreciar
a melodia da palavra
a música do poema.
Ela acaricia as palavras ditas, como se
brincasse com um gato de rua.
Cada sílaba, cada rima, tudo o que diz...
Não invejo a sorte tua
Porque és uma criança!
E isso me faz feliz!

16/03/2005

2 comentários:

  1. Este, JordaS, foi um dos meus preferidos. Não sei porquê, mas fez-me um aperto na garganta.

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  2. Concordo! Para além de um poema muito bonito, ficamos a saber que há uma menina nuito feliz ;)

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