12/01/2011

Coimbra saudosa

A tarde negra dum Janeiro escuro
Espraia-se em monte de verde louro
Navego  em meu barco  sem vela
Quando no poente adormece o sol.
Aqui fico buscando, não procuro!
Não me perturba a noite fria,
Sou, rio e margem, sem medo.
E nesse remansoso Mondego
Rasgo o rosto em fios de ouro
Como  rebento que busca a frol.
Abraço a  enorme escadaria,
Encimada de enormes esferas,
Canto o desejo das quimeras
Dou voz ao sonho ou à dor
Sob o olhar futuro do Lavrador.
De capa aos ombros, desejo além
Busco  a janela doutro passado:
Gemem guitarras, as cordas do fado
Nesse estrar, portal frio e calado
Espero  e não aguardo ninguém.
Sou  fogo, água, ar e terra.
E tudo o que a alma encerra
É a saudade que ficou dela.

Tarde alada deste Janeiro
Não sei o que me mata primeiro
Se os sonhos daquele passado
De as saudades deste futuro!

imagem: montagem de fotos da Net

4 comentários:

  1. Lindo o texto!
    Adorei o blog. Te seguindo.

    Obrigado pelo comentário no meu.

    Beijos

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  2. Como tenho saudades do choro das guitarras e das tardes à beira rio.
    Coimbra é a cidade do meu encanto.

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  3. Palavras suaves e que chegam a produzir cenas na mente..muito bom, estou seguindo, parabens pelo blog...
    passa lá em casa
    http://passossilenciosos.blogspot.com
    Bjos

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  4. Vejo cada imagem descrita nesses versos.

    Gostei do seu jeito de "poetizar".

    beijinho***

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