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01/02/2021

MEMÓRIA DESMEMORIADA








Esta é a tarde da tua ausência,

Um breve sopro do teu partir..

Há em mim um choro brando,

Como um leve  e doce sentir...

E a tarde cai como um tordo

E atordoado  levanto o olhar

E o que vejo já não é hoje

É uma memória de pena e dor

Do fui... do que fomos

E apenas isso. Memória...

E a noite chega, sem avisar,

E tudo cobre de silêncio e noite...

E eu aqui. Aqui ? Sim! 

Aqui, porque o lugar não tem memória,

E eu também não a tenho... 


Agora,

Sou mágoa da dor não sentida.

É bem amarga ...amarga!

Mas  que dor será maior

Que a dor de não ter memória?


13/02/2018

QUE PALAVRAS TE DIREI?



Imagem relacionada

Bom dia, Sol da minha vida!
Vamos ser, só por hoje, felizes?
O que podemos fazer do possível?
Quero acabar o livro que comecei.

Escreverei poemas nas páginas brancas da lua.
O teu nome, o teu brilho, nas pedras da rua.
Pintarei a saudade na luz pura da aurora
As rosas, os jasmins, as flores, toda a flora
Do nosso fugaz e eterno encantamento.
Que mais quero eu dum breve momento
Que senti-lo todo, forte e macio, agora
No teu terno beijo longo e longe, fora
De qualquer malícia, mas delírio da mente!?                               
Oh! Quem me dera poder-te de amor cingir
No voo do ligeiro pássaro que voa, assim breve
No ecrã do eterno aroma da nossa memória!
Impedi-lo de estar sempre a partir, pluma leve
Escritora da lenda feliz dessa nossa estória,
Onde as asas se perdem nesse eterno partir
Da estrada que conduz ao novo horizonte,
E corre a planície, o vale, o ondulado monte
E volta novamente à promessa da semente.

E como linda Fénix sempre renascida
No madrigal campo de papoilas e espigas
Onde esvoaçam ligeiras as furtivas perdizes
Criámos os poemas, e um amor intangível
No momento sentido que nunca sonhei!

E que palavras te direi?
- Não mas digas!


*IMAGEM RETIRADA DA NET

06/03/2015

Perdido Horizonte




O perfume róseo deste poente
Escreve na saudade do teu rosto
Todo o amor duma tarde de março,
Pinta toda a distância dum abraço
Entre o agora, o ontem e o amanhã

 
 

 
 
A amarra do horizonte, sempre longe
Cava um buraco na esperança,
Mas ele é a própria esperança
De te encontrar numa memória
De perfume suave de rosas
Temperado de dourados
Por entre as vides podadas
Trepadas de maracujazeiro,
De mim mesmo e da vinha
Que abraça, na ausência de ti,
O frio arame da latada
E nele vive a distância de um beijo
Ou afaga a chama de uma paixão
Que o poente ainda embala
Até a noite em silêncio a abafar.

 

O sol radioso está lá.
Abre os braços como ramos
Sobre um horizonte perdido
Onde já não estou, nem tu estás
Mas estamos lá, na ausência
Do que já fomos
Ou nunca chegámos a ser.

 
E destarte,
O amor muda-nos a alma,
Muda-nos o horizonte
E a saudade muda-se nele .


27/02/2015

SOU APENAS MOMENTO!



Hoje vou devagar ...
porque quero demorar o sabor  das maçãs;
Reter o aroma do caminho;
Quero que o olhar capte todo o azul do horizonte;
Quero que o eco da melodia do mundo
Seja carrilhão sineiro dum  horizonte de saudade.
Quero apanhar uma gavela  da ternura  do teu perfume
Tão distante e tão cruelmente perto.
Hoje gostava de regressar ao ontem
Com o desejo lento dos amanhãs!
Mas o tempo é o tempo
E eu sou apenas uma passagem;
Eu sou apenas um momento!
O momento entre o agora
e outro agora. E  apenas isso!
Ou nem isso!...

01/06/2014

AQUELE TOQUE






Toque poético

Será que não precisa...
Quem não precisa dum coração?
Quem não precisa dum olhar?
Quem não precisa daquele toque?
Macio que te eleva a mar!
Quem não precisa de ouvir a melodia...
Aquela melodia perfumada
Capaz de fazer da noite dia?
Quem não precisa de tornar a vida um sonho?
E quem não precisa de mais um pouco?

Mais um pouco. Mesmo de nada?
E quem não precisa de se dar?
Hoje senti  a tua falta perfumada
Senti-me tão precisado de ti...
Senti-me  sem o mais ténue sonho.
Senti-me longe de ti,  de mim, de tudo
E o sol era céu azul e contudo
O vento varria o meu precisar
Como uma obra varrida e acabada
Leva nas águas da inauguração
Todo o suor cansado  do obrar.
Mas, a tarde chegou no teu aroma
Suave e aveludado de rosa
E logo senti-me aconchegado
No teu abraço apertado
Precisando do meu corpo cansado.
E o  leve toque dos teus dedos
E o sabor  macio dos teus lábios
Preencheu  os meus olhos de alegria
Onde se penduraram as palavras
Que, como eu,  precisam de poesia.




02/05/2014

Rio da Saudade


O Mondego
 
 
 
 
 
 
 
São lágrimas da saudade
Desse  amor que em ti vivi.
No céu do teu olhar
E nas margens da minha alma
Há umas fitas queimadas
Na alegria das estreitas ruas
E no gemido das guitarras
Das madrugadas nuas.
No largo da velha Sé
Há uns poemas nunca escritos
E  teus versos nunca  cantados
Há os nossos beijos  perdidos
Nos nossos  rostos molhados.
Na Sofia ficou a Fé
Em Santa Cruz a oração…
Na Sereia as promessas,
Na República demos a mão...
 
Tu já partiste!
Eu fiquei, sem regaço,
Entre a saudade dum rio
E aquele verão frio
De completa solidão…
Nos poentes do cansaço.
 
Junto ao rio da saudade
Há ainda o teu perfume.
É um salgueiro vergado
Buscando-te no espelho,
Na correnteza dum rio
Que derrete a minha alma,
Desse amor já tão velho
E tão novo como o agora…
Mas que importa a idade?
E as tardes no Penedo
Na verdade, foi antecipado
O meu sofrimento e degredo
Desse amor tão profundo
E tão perene, Saudade?!
 
à cidade da minha juventude a minha eterna saudade!
 
 
 
 
 

 

22/03/2014

QUANDO O VAZIO ENCHE AS PALAVRAS

 
Quando o vazio enche tudo
do vão sentimento de plenitude,
As palavras despem-se da melodia
E uma sombra as cobre de angústia.
Então, o poeta solta o seu grito de revolta:
 
Ai das palavras
Que mataram a memória dos dias,
Que mataram o perfume das flores,
Que encurtaram o voo dos pássaros,
E desbotaram suas cores!

 Ai!Como me dói esta falta da memória!
Ai! Como me magoa a palavra oca!
Ai! onde estão as tardes alpardinhas
Promissoras do descanso merecido?!
Ai! Como me dói essa dor de não doer!...
Porque as palavras são a indiferença coletiva.

Ai das palavras!
Que nos matam vivendo-as...
Que as matámos ao dize-las
Na ocosidade falsa e sem alma!
Ontem e hoje,
Ando à procura da memória do meu povo.
Acendo a minha lanterna e procuro o Homem:
Vou ao calhau à busca dos marinheiros....
Vou às praças à procura do filósofo ...
Vou à ágora para abraçar o político...
Vou onde nem sei, à procura do pastor,
Mas só encontro o vazio das palavras
no vazio das bocas
no vazio dos lugares
no vazio da memória.
no vazio do novo.
E, neste fim de dia
que a tarde escraviza
na canga da noite,
Estou eu, velho e sem palavras,
Porque me falta o brilho das manhãs
Que chegará renovado
Num orvalho de primavera!

06/07/2013

No longe de um olhar


 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lá longe onde a poesia nasce e morre rente ao mar.
Lá longe onde o longe é mais o perto de partir
E o mais perto é um longe regressar.
Na praia da distância fica a saudade de ficar
Aqui, onde  só se está  de partida,
Como se a areia fosse  feita esperança,
Ainda, no poente de um dia que finda.
Lá longe, onde não te espera nada,
Mas luzem,  junto à linha horizontal,
Rubras nuvens duma alvorada...
Enquanto me deixo, de alma pasmada,
Olhando o que não vejo... Mas existo!
Sou  desejo  renascido  e vertical
Dos dias doutra infância que resiste
Às vagas do tempo, no fundo da memória,
Apenas desse eterno retorno permanente
Que já passou à história!
Aqui, onde o horizonte se alarga,
Há apenas uma coisa igual.
O desejo de partir sempre, sempre, sempre...
Na nau de versos que já foi Portugal!

02/07/2013

Enquanto a noite caía

     E a saudade era a noite
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enquanto caía a noite, lambendo dos calhaus o mar,
Cantava, como sereia, na brisa quente que passava
Por entre as luzes do lusco-fusco tão longe de mim.
Aqui, agora, nesta praia quente do fim do dia
Só na memória e na saudade o amanhã sentia
E em cada onda, que, sem querer, o mar trazia
Vinham as  mágoas dos  longes, odor de maresia  
Daqueles que se foram ficando em cada aqui
Num olhar tão longe e tão perto de ti ...
Este hoje, onde a noite nos tenros beijos se aninava
É um mar, em murmúrios, aos calhaus dizendo
As mágoas tristes que noutros longes a espuma embalava
De encontro às rochas da nossa saudade... Saudade
Que se foi  nas saudades dos que se foram daqui.
Nesse moer leve, lento e continuado, nesse molengo fado
Que é o Fado da nossa portuguesa  saudade!

22/12/2011


Chove lá fora

Chove lá fora.
Sentado à escravaninha
Lâmpada ligada, vejo cada gota num arco-iris.
Choveu todo o dia.
Agora, à tardinha, sentei-me pensando em ti.

Imagino-te doce e macia miúda
Vejo no azeviche dos teus olhos
Escultural  a  breve cor do nada
Num corpo ondulado de desejo.
Penso em ti!

La fora chove,
Mas,  aqui onde já nem estou,
A calma da noite esventra-me o desejo
De tocar-te na face suave do teu odor.
Lá fora chove e aqui apenas há calma e  ardor


Um fechar de olhos e vejo-te
Um lento movimento e te sinto
E no ar de terra molhada , respiro-te.
E lá fora chove
Enquanto um sonoro desejo me atormenta.

E no silêncio da distância
Embala-me a púrpura duns lábios
Desejosos de tocar-te
Como se a vida se estiolasse
A cada pingo de chuva.
E chove lá fora.


17-01-1985

16/04/2011

ALÉM É O CAMINHO

Perdi-me nas palavras secas da vida
Entre o mel vão das melodias ocas
Desci como vagabundo das horas loucas
O íngreme caminho   da vida sofrida.
Vi o mar entre um céu e esse além
Névoa, onda, vaga, muralha crescida
Da planura  branca da folha não escrita
Promessa de outra palavra  não nascida
Porque o mar que me envolve tem
O dom dum Letes longe... Proscrita
É minha avena. A breve pena partida
No eco distante das palavras não ditas
Desenho fugaz de outras indizíveis,
Nos laços que as sílabas tecem. Teia
De novas palavras gastas de ditas.
E de outras redondas de lua cheia
Como luzes,  auroras , sempre invisíveis.




Assim, me resto, não sofro.  Sinto
Que entre as palavras com que minto
Há sempre uma verdade por dizer
Essa é a sede do mar que me salva
E como estrela cintilante da alva
Adoça a dor crua deste seco  viver.
Além!
Sempre mais além   é o caminho!

12/03/2011

LONGE O MAR

Oh Mar,
Meu leve berço de ondas
Meu baloiço de sal e maresia
És tão além que nem sondas…
No vaivém da tua melodia
Esconde-se a outra fortuna
Nos calhaus da longa agonia
Quando partiram na breve escuna.
Nesse teu sonoroso vaivém
Vejo as estrelas de outro dia
Vejo chorar no regaço da mãe
A criança que de fome gemia.



Mar azul da minha infância
Lá longe, nos tempos, perdido!...
Não sei o que me move nesta ânsia.
Será  o mar dum amor renascido?
.

20/01/2011

UM OLHAR POENTE



Aqui, junto ao mar dourado de uma ilha distante
Olho o horizonte azul poente da tarde cinzenta
Gaivotas varrem os calhaus da praia pardacenta
E as ondas embalam os navios do grande Atlante.

Aqui, junto à varanda desta ilha de mar distante
Navego no fugidio tempo de outras memórias
E como se as marés contassem velhas histórias
Abraço o dourado doutro mar. Sou mareante!

Nas formas escuras das nuvens algo é dissonante.
É o rugido horripilante de outra distante paragem
Da figura Adamastor, de uma outra grande viagem
Que revivo, agora, do grão Camões, quando estudante.

Aqui, onde não estou, navego nesse barco sonante
Das palavras não ditas, dos meus textos apoucados,
Mas sei que navego ao sabor de outros significados
Mesmo que o meu poema seja tão desconcertante.

O meu poema é uma varanda para a distante ilha
Da minha infância, no verde da serra e azul do mar.
A varanda é a memória do que lá ficou por cantar,
O sol e as gaivotas, são os versos da velha cartilha.

.

12/01/2011

Coimbra saudosa

A tarde negra dum Janeiro escuro
Espraia-se em monte de verde louro
Navego  em meu barco  sem vela
Quando no poente adormece o sol.
Aqui fico buscando, não procuro!
Não me perturba a noite fria,
Sou, rio e margem, sem medo.
E nesse remansoso Mondego
Rasgo o rosto em fios de ouro
Como  rebento que busca a frol.
Abraço a  enorme escadaria,
Encimada de enormes esferas,
Canto o desejo das quimeras
Dou voz ao sonho ou à dor
Sob o olhar futuro do Lavrador.
De capa aos ombros, desejo além
Busco  a janela doutro passado:
Gemem guitarras, as cordas do fado
Nesse estrar, portal frio e calado
Espero  e não aguardo ninguém.
Sou  fogo, água, ar e terra.
E tudo o que a alma encerra
É a saudade que ficou dela.

Tarde alada deste Janeiro
Não sei o que me mata primeiro
Se os sonhos daquele passado
De as saudades deste futuro!

imagem: montagem de fotos da Net

18/11/2010

Tão jovem partiu

Um jovem partiu na manhã da vida
Branca flor em verde botão
Promessa de sensato cidadão
Promessa tão cedo perdida.
Ficaram nas lágrimas tristes
As gargalhadas de outrora
As gincanas e a corrida
Nas ruas da curta cidade.
Eras como luz na aurora
Um sorriso sem idade
Um companheiro querido.
Doeu mais do que a morte,
A memória de te teres ido!
Aqui fico eu no agora
Entregue desta sorte
Às palavras não ditas
No dia em que partiste.
Num abraço do Adeus!

02/10/2010

JANELA

A rua, janela do futuro,
Corre louca no stresse
Do nunca está feito,
Do nunca acabou,
Do tempo é sempre pouco...
De repente, o tempo adejou
E tudo o que ficou  foi a pressa.
Apenas a pressa de fazer
 Numa angústia  de  viver.
A pressa de ter pressa.
Ou o medo de a perder.



A juventude esfumou-se
Na  tarde breve do acontecer.
Plantámos  e não colhemos.
Apenas sobrevivemos.
Como andámos, partimos
Noutra pressa doutro viver!

Vieram as rugas silenciosas
As lágrimas molhadas das manhãs
Crestaram as solidões da noite.
E nas paredes da casa saudosas
Se desenharam, à pressa,  os afãs
Que nos mataram a alegria.
A alegria simples de viver.
Um dia  tu partistes
Sem um último adeus.
Sem um beijo de despedida.
Eu fiquei só, em lágrimas, na dor.
E as folhas começaram a cair,
E o céu cobriu-se de águas.
A minha alma de mágoas.
Choveu,choveu, choveu!
Mas não lavou minha dor.


Agora, tenho tempo,
Parece ter parado,
E avalio as coisas...
As coisas que não fiz,
As coisas que não vivi...
Sento-me e fico calado
Misto de dor e contentamento
Revivendo o passado ausente.
Revejo aquele prédio cinzento
Na voz da tua ausência.
Mas o que mais me custa
Nesta sombra outonal
Que contigo  não comparti
É olhar a janela e saber
Que pra sempre te perdi!
.

17/09/2010

OLHAR DUM ADEUS

Quero pedir desculpa a todos pela minha malandrice.

Agradeço os comentários e desejo a todos as maiores felicidades e muita saúde.


Aos meus colegas de trabalho apresento os votos dum ano escolar feliz.



Como é dificil o olhar
Na solidão das horas do adeus!
Como é dificil não ouvir as perguntas
Que nos importunaram tanta vez!
Como é duro ver as salas exventrarem-se
Das suas cadeira e mesas de saber
E perder-se o perfume das flores
O eco das gargalhadas do começo,
As corridas contra os prazos,
O aroma matinal da camaradagem,
O esfumar-se quente do café.
Tudo parece ter-se ido.

Eu fiquei lá.
Na silêncio tardio das horas.
Vejo as coisas sairem
Ao ritmo das folhas que caem.
Vejo o outono pincelar o jardim
Vejo a saudade chorar nos cantos
Ouço o eco distante da alegria...
Mas tudo é ilusão.Acabou!
Quem ampara o fim
Morre um pouco também.
Uma dor que tento vencer
Uma dor que já vivi...
Mas a quem importa?
Essa mágoa de ingratidão?
Mesmo que uma espada
Vestida de desilusão
Me atravesse a alma
Sempre que fecho
Ao fim triste da tarde
A velha e carunchenta porta!?
Sei que voarei noutras asas
Mesmo que me doia a alma.

Dum tempo que ali passei
Traz-me  tristeza e dor
No baque seco da chave
Da saudade sem volta.

01/09/2010

COSMICIDADE


















Cheguei com as mãos cheias de nada
Ao monumento da glória. Só, derrotado
Cheguei, quando parti naquela madrugada
Do teu poente, na vela de barco ancorado.
As saudades foram o mastro altaneiro
Onde as cordas enrolavam-se ás velas.
Céu azul, mar de azeite, luar e estrelas
Foram, no desterro, cenário companheiro.
E aqui fui na solidão branca das folhas
No breve eco distante das poucas palavras
Que são ralha do arado com que lavras
O sentido fecundo do texto que desfolhas.
O desterro da criação é dor, dor e paixão,
É fogo, é água, é pneuma, é força telúrica.
O nascer do poema: A Celebração litúrgica
Derramada no ouro cósmico dessa Criação.

11/06/2010

BORBOLETA












Quando a madrugada nova despontou
Rubra na luz, clara e orvalhada na cor,
Junto à areia ainda molhada desenhou
Palavras, conchas, colar, pérolas de dor.
Foram as lágrimas da vida, já tão distantes
Que o marcado rosto afagou ainda quentes
E aqui se juntaram às outras ondas de antes
Que foram as saudades de mares ausentes.


Uma pérola vive na concha, minha saudade,
Despida de luxos. No âmago doutra solidão
Vive o meu, o teu e todo o imenso mar,
Terra, água, sopro, fogo latente por atear.
E a única beleza, presa da nossa escuridão,
Jóia que de ti em mim é ré por vontade
De horizontes novos e  nunca navegados,
Há a ternura de nossos corações ligados.


Oh! Quem me dera ser essa borboleta
Voando, despreocupada de flor em flor,
Abrindo em cor as asas leves, delicadas,
E espraiar-me na juventude do novo odor,
Beber das palavras, a ambrósia do poeta
Que é esse néctar de beleza feito mar…
Oh! Quem me dera nas pétalas despegadas,
Tuas rolas de donzela, em sonho descansar.
.

24/05/2010

SOB O ROSA DOS CÉUS




Quem dera cingir-te a fronte
Com as rosas, azul dos céus.
Beijar-te de aromas a fonte
Dos amores, suspiros meus.
Quem dera que o sol fizesse
A luz que tem os olhos teus
E pérolas, que lágrimas tece
A triste manhã do adeus.
Partiste na luz duma aurora
Dum dia de eterna saudade
Mágoa triste, e mais não fora
Tão curta a breve mocidade.
Ponte do Choupal, Mondego,
No Penedo do ser português
Na fonte d'amores, segredo
Perdido na jovem timidez.
Espero por ti, lá no monte
Sperança sempre renascida.
No rio, lanço-me em ponte
Qual roseira sempre despida
Num novo abraço a buscar
Num novo beijo a entretecer…
Sou a forte  luz do sol na lua
Sou a dura calçada, nua, da rua...
Nunca é tarde para se amar
Se não temos medo de  viver!
Sou a saudade minha que é tua
Percorrendo o céu vestida de nua.
.