22/12/2011


Chove lá fora

Chove lá fora.
Sentado à escravaninha
Lâmpada ligada, vejo cada gota num arco-iris.
Choveu todo o dia.
Agora, à tardinha, sentei-me pensando em ti.

Imagino-te doce e macia miúda
Vejo no azeviche dos teus olhos
Escultural  a  breve cor do nada
Num corpo ondulado de desejo.
Penso em ti!

La fora chove,
Mas,  aqui onde já nem estou,
A calma da noite esventra-me o desejo
De tocar-te na face suave do teu odor.
Lá fora chove e aqui apenas há calma e  ardor


Um fechar de olhos e vejo-te
Um lento movimento e te sinto
E no ar de terra molhada , respiro-te.
E lá fora chove
Enquanto um sonoro desejo me atormenta.

E no silêncio da distância
Embala-me a púrpura duns lábios
Desejosos de tocar-te
Como se a vida se estiolasse
A cada pingo de chuva.
E chove lá fora.


17-01-1985

1 comentário: