28/03/2013

 
DAS PEDRAS
 
Na praia as pedras ligam-se com a água e formam a areia;
Na ribeira juntam-se abraçadas das alturas e amando-se
se alisam nas duras arestas das margens ou nos escolhos
por onde, involuntariamente, rolam na força que as move.
Nas vozes de baixo ou de tenores ecoam  nas cantantes cascatas.
Lá, junto ao mar, prateiam com a luz o fim da tarde.
Aqui, em lagoas cristalinas adormecem como olhares sob o céu azul.
Entre elas ou por dentro delas correm almas indómitas e desleixos.
 
 
Como flores a quererem vestir-se por entre as  brisas,
verdejantes e infantis folhas de contos de mar...
Despontam, róseas, dos gomos dos pessegueiros e ameixoeiras
Que o chuva trouxe com elas, no canto das águas.
Lá, mais distante, as linhas minimalistas de outras moles,
construídas, recebem a ira espumante das  constantes ondas
que não podem namorar com a férrea  e rolada força basáltica
que existe em cada pequeno e anónimo calhau desta praia.
 
Aqui.
Somos  pedra informe ou lisa ou grão de areia...
Pouco interessa o tamanho, a cor  ou a forma.
Aqui. Somos!
E isso deve bastar
Para uma  tarde  primaveril de Março.

4 comentários:

  1. Lindo o que escreveu!
    Feliz Pascoa.

    Beijos
    ps Obrigado pela visita

    ResponderEliminar
  2. Uma linda poesia, é somos frágil como um grão de areia, fortes como a pedra e revoltosos e impaciente como as ondas.
    Fiquei feliz com sua visita, aqui o verde e o aroma da natureza é uma constante para nós.
    Tenha uma ótima semana.

    ResponderEliminar