22/09/2021

 Esta tarde já era tarde


Nesta tarde, quando descia o olhar

no teu rosto iluminado, uma lágrima 

deslizava, meiga e aveludada,

sobre a pele macia de bronze.

Era o teu olhar no meu olhar.

Uma saudade de outro tempo,

de outras tardes douradas

Ou apenas a memória do que já fomos?


Como deslizava o pensamento

sobre o teu rosto derramado?

Como  estacava, de repente,

no cheio vazio da tarde !

Ai! Como nem doía a saudade

daquele passado no ausente?

Como me doía esse momento 

cheio de tarde e vazio de presente.!

E na tarde, aquela lágrima

fecundou o vazio de tormento.


A tarde era apenas um portal

por onde o olhar se perdia

em busca de mim em mim.

Aquele era o momento, 

nessa tarde de novo outono

Nessa tarde principiava o fim!


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