Perdi-me nas palavras secas da vida
Entre o mel vão das melodias ocas
Desci como vagabundo das horas loucas
O íngreme caminho da vida sofrida.
Vi o mar entre um céu e esse além
Névoa, onda, vaga, muralha crescida
Da planura branca da folha não escrita
Promessa de outra palavra não nascida
Porque o mar que me envolve tem
O dom dum Letes longe... Proscrita
É minha avena. A breve pena partida
No eco distante das palavras não ditas
Desenho fugaz de outras indizíveis,
Nos laços que as sílabas tecem. Teia
De novas palavras gastas de ditas.
E de outras redondas de lua cheia
Como luzes, auroras , sempre invisíveis.
Assim, me resto, não sofro. Sinto
Que entre as palavras com que minto
Há sempre uma verdade por dizer
Essa é a sede do mar que me salva
E como estrela cintilante da alva
Adoça a dor crua deste seco viver.
Além!
Sempre mais além é o caminho!
Além, sempre mais além... esta é a esperança que nos move e nos impede de parar.
ResponderEliminarO perder-se pode ser, é-o muitas vezes, reencontrar-se... Por isso, tens razão, o caminho é sempre mais além, perdido ou não neste labirinto... A tom da flor um espanto!
ResponderEliminarVejo o mar e penso que a vida continua...
ResponderEliminar"Assim, me resto, não sofro. Sinto
ResponderEliminarQue entre as palavras com que minto
Há sempre uma verdade por dizer
lindo..parabéns! beijos