06/03/2015

Perdido Horizonte




O perfume róseo deste poente
Escreve na saudade do teu rosto
Todo o amor duma tarde de março,
Pinta toda a distância dum abraço
Entre o agora, o ontem e o amanhã

 
 

 
 
A amarra do horizonte, sempre longe
Cava um buraco na esperança,
Mas ele é a própria esperança
De te encontrar numa memória
De perfume suave de rosas
Temperado de dourados
Por entre as vides podadas
Trepadas de maracujazeiro,
De mim mesmo e da vinha
Que abraça, na ausência de ti,
O frio arame da latada
E nele vive a distância de um beijo
Ou afaga a chama de uma paixão
Que o poente ainda embala
Até a noite em silêncio a abafar.

 

O sol radioso está lá.
Abre os braços como ramos
Sobre um horizonte perdido
Onde já não estou, nem tu estás
Mas estamos lá, na ausência
Do que já fomos
Ou nunca chegámos a ser.

 
E destarte,
O amor muda-nos a alma,
Muda-nos o horizonte
E a saudade muda-se nele .


2 comentários:

  1. O amor é um tema recorrente nos poemas por ser um sentimento que impulsiona nosso viver.
    Bonitos os poemas do seu blog Jordão.
    Parabéns pelo dom poético,
    e obrigada pela visita.
    um abraço

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  2. Palavras profundas, cheias de beleza e sentimento. Gostei muito.

    Abraço

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