01/03/2014

O VAZIO DAS PALAVRAS

Quando a luz e as ténues sombras brincam
 Por entre o jogo frustrado da objetiva
 E o olhar longo e cansado do poeta,
Acende-se na noite uma candeia do amanhã
Que parece nunca querer partir na tarde,
Na tarde frustrada  do não chegar!...
Aqui ficam as palavras de cor, frustradas !...
As palavras que gritam por não serem dizíveis.
Aqui!
Aqui deixo as palavras que vocês jamais dirão
No incómodo trabalho de  não pensar!
Basta o olhar. Um breve esgar.
E tudo estará nas palavras não ditas.
Malditas, talvez! Mas  que direi!?
Afinal,
Pensar é o tempo do nada. 
E pensar as palavras é trabalho perdido?!
E esse nada que afinal é TUDO.
É a coisa nenhuma desta tarde
Que te entrego  nas palavras toda a luz da poesia.
Entrego-te a plenitude das palavras prenhes
De quando a palavra era contrato e ação
De quando, afinal a palavra era Lei,
De quando a palavra, num aperto de mão,
Tinha a coroa, a espada e o ceptro de rei.
Agora, nesta tarde de tudo e de nada
A palavra é de cor e de luz... vazia
A palavra é uma terra nunca lavrada
Pelo princípio  da luz criador .
Mas, mais uma vez, mesmo vazia
A palavra veste-se sempre de poesia.

3 comentários:

  1. Gostei. A luta entre o poder do silencio e a música das palavras.
    Palavras para quê? Se o som do silencio consegue pronunciar sofrimentos ou expressar as alegrias dos amores recolhidos no aconchego do lar...
    Palavras para quê se não serão lavradas, e se são sem cor e frustradas? mas vale então, o som profundo e inigualável do silencio.

    ResponderEliminar
  2. Talvez a poesia encha a palavra...

    Gostei muito.
    Abraço

    Sónia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ainda existe, felizmente, a poesia para dar cor e luz às palavras!

      Eliminar