Quando a luz e as ténues sombras brincam
Por entre o jogo frustrado da objetiva
E o olhar longo e cansado do poeta,
Acende-se na noite uma candeia do amanhã
Acende-se na noite uma candeia do amanhã
Que parece nunca querer partir na tarde,
Na tarde frustrada do não chegar!...
Aqui ficam as palavras de cor, frustradas !...
Aqui ficam as palavras de cor, frustradas !...
As palavras que gritam por não serem dizíveis.
Aqui!
Aqui!
Aqui deixo as palavras que vocês jamais dirão
No incómodo trabalho de não pensar!
Basta o olhar. Um breve esgar.
Basta o olhar. Um breve esgar.
E tudo estará nas palavras não ditas.
Malditas, talvez! Mas que direi!?
Afinal,
Pensar é o tempo do nada.
E pensar as palavras é trabalho perdido?!
E esse nada que afinal é TUDO.
E esse nada que afinal é TUDO.
É a coisa nenhuma desta tarde
Que te entrego nas palavras toda a luz da poesia.
Entrego-te a plenitude das palavras prenhes
De quando a palavra era contrato e ação
De quando, afinal a palavra era Lei,
De quando a palavra, num aperto de mão,
Tinha a coroa, a espada e o ceptro de rei.
Agora, nesta tarde de tudo e de nada
A palavra é de cor e de luz... vazia
A palavra é uma terra nunca lavrada
Pelo princípio da luz criador .
Mas, mais uma vez, mesmo vazia
A palavra veste-se sempre de poesia.
Gostei. A luta entre o poder do silencio e a música das palavras.
ResponderEliminarPalavras para quê? Se o som do silencio consegue pronunciar sofrimentos ou expressar as alegrias dos amores recolhidos no aconchego do lar...
Palavras para quê se não serão lavradas, e se são sem cor e frustradas? mas vale então, o som profundo e inigualável do silencio.
Talvez a poesia encha a palavra...
ResponderEliminarGostei muito.
Abraço
Sónia
Ainda existe, felizmente, a poesia para dar cor e luz às palavras!
Eliminar